Ir para o conteúdo principal Ir para o menu de navegação principal Ir para o rodapé
Ciências Agrárias
Publicado: 2022-12-13

Um olhar fenomenológico do assentamento São José Operário/Pedra Preta-MT sobre o uso de agrotóxicos

Universidade Federal de Rondonópolis
Universidade Federal de Rondonópolis
Agrotóxicos Assentamento Rural Percepção Agronegócio Sustentabilidade

Resumo

O uso intensivo de agrotóxicos tornou-se uma marca registrada da modernização agrícola no mundo, pois são utilizados em todos os processos do agronegócio, uma vez que estes combatem pragas e organismos patógenos que impedem a produtividade. Os agrotóxicos geram inúmeros dilemas socioambientais, prejudicando o meio ambiente, a saúde dos trabalhadores rurais e dos consumidores. O atual modelo de desenvolvimento agrícola com base em latifúndios monocultores voltados para a exportação, são amparados por políticas públicas que reduzem, isentam impostos, liberam rapidamente e a baixo custo os registros destes produtos. Nesta conjuntura, o pequeno produtor rural tem sido excluído com a falta de amparos legais que incentivam a agricultura familiar. Esses também são os que mais sofrem os efeitos negativos do uso dos agrotóxicos. A pesquisa visa compreender o atual contexto geográfico socioambiental do uso de agrotóxicos nos espaços de vida e produção do Assentamento São José Operário, no município de Pedra Preta, localizado no estado de Mato Grosso. A metodologia foi baseada na percepção dos indivíduos, considerada fundamental para entender as relações cognitivas e afetivas dos seres humanos com o meio ambiente. Os procedimentos metodológicos adotados foram a pesquisa quali-quantitativa e descritiva por meio de dados primários e secundários, com o uso do método fenomenológico. Os resultados evidenciaram que na área de estudo os assentados tem a noção dos perigos que os agrotóxicos causam, porém a maioria não possui discernimento da dimensão desses perigos, doenças respiratórias, de fertilidade, gastrointestinais, neurológicos, dermatológicos, cardiovasculares, auditivos, cancerígenos, dentre outros. Contudo, a riqueza do saber, a experiência vivida, a afetividade e a relação com a terra, é uma das principais bases para a conservação do lugar. Neste sentido, o estudo justifica-se em promover no ser humano uma visão de transição agroecológica, com modelos sustentáveis e gestão responsável dos aspectos ecológicos para a conservação e preservação dos recursos naturais nas atuais e futuras gerações, visando melhorar a qualidade vida.

 

 

Referências

  1. BARONE, L. A.; FERRANTE, V. L. S. B. Assentamentos Rurais em São Paulo: Estratégias e Mediações para o Desenvolvimento. DADOS – Revista de Ciências Sociais, Rio de Janeiro, 55(3), p. 755-785, 2012.
  2. CARNEIRO FF, PIGNATI WA, RIGOTTO RM, AUGUSTO LGS, RIZZOLO A, FARIA NMX, et al. Dossiê ABRASCO – Um alerta sobre os impactos dos agrotóxicos na saúde. Parte 1 - Agrotóxicos, Segurança Alimentar e Nutricional e Saúde. Rio de Janeiro: ABRASCO. 2012
  3. CARNEIRO, F.F.; AUGUSTO, L.G.S; RIGOTTO, R.M.; FRIEDRICH, K.; BÚRIGO, A.C. (orgs). Dossiê ABRASCO - Um alerta sobre os impactos dos agrotóxicos na saúde. Rio de Janeiro: EPSJV; São Paulo: Expressão Popular, 2015.
  4. CASSAL, B.C; AZEVEDO, L.F.; FERREIRA, R.P.; SILVA, D.G.; SIMÃO, R.S. Agrotóxicos: uma revisão de suas consequências para a saúde pública. Revista Eletrônica em Gestão, Educação e Tecnologia Digital, v.18, n. 1, p.437-445, 2014.
  5. CASTRO, F.P. Construindo territórios livres de agrotóxicos para a promoção da agroecologia. Dissertação (Mestrado em Saúde Pública). Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ), Rio de Janeiro, 2016.
  6. CORRÊA, R.L. Espaço: um conceito-chave da geografia. In: CASTRO, Iná Elias, GOMES, Paulo César da Costa, CORRÊA, Roberto Lobato (orgs.). Geografia: Conceitos e Temas. 5 ed. Bertrand: Rio de Janeiro, 2003.
  7. DOURADO, A.M; VARGAS, M.A.M. Construção ou internalização de identidades? Reflexões sobre os assentamentos de reforma agrária. Revista Geográfica de América Central Número Especial EGAL, V. 2. N. 47E. Costa Rica II Semestre 2011, p. 1-15. Disponível em: <http://www.revistas.una.ac.cr/index.php/geografica/article/view/2718>. Acesso em: 29 de jun. de 2018.
  8. GIL, A.C. Métodos e técnicas de pesquisa social. São Paulo: Atlas, 1999.
  9. LEFF, E. Agroecologia e saber ambiental. Agroecologia e Desenvolvimento Rural Sustentável. v. 3, n. 1, p. 36-51, 2002.
  10. LESSA, D.J. Identidade do lugar na percepção socioambiental dos moradores em Assentamentos Rurais de Mato Grosso. Dissertação (Mestrado em Geografia) – UFMT, Rondonópolis, 2018.
  11. MERLEAU-PONTY, M. Phénoménologie de la perception. Paris, Gallimard. Tradução brasileira de Carlos A. R. Moura: Fenomenologia da percepção. São Paulo, Martins Fontes, 1994.
  12. ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DA SAÚDE – OPAS. Manual de vigilância da saúde de populações expostas a agrotóxicos. Brasília: OPAS/OMS, 1996.
  13. PIGNATI, W; OLIVEIRA, N. P; SILVA, A.M.C. Vigilância aos agrotóxicos: quantificação do uso e previsão de impactos na saúde-trabalho-ambiente para os municípios brasileiros. Ciência & Saúde Coletiva, v.19, p. 4669-4678, 2014.
  14. REYDON, B.; ESCOBAR, H.H; BERTO, J.L. Assentamentos rurais e estratégias de desenvolvimento local no Oeste Catarinense. Texto para discussão. IE/UNICAMP, Campinas, N. 123, jan.2007.
  15. SILVA, M.N.F. A percepção e a etno-ornitologia no Assentamento São José Operário (Pedra Preta-MT) como subsídio para propostas locais de Educação Ambiental. Monografia (Especialização em Educação Ambiental) – Universidade Federal de Mato Grosso – UFMT/CUR, Rondonópolis, MT, 2009.
  16. STURZA, J. A. I. Lugar e não-lugar em Rondonópolis-MT: um estudo de cognição ambiental. Tese (Doutorado em Geografia) - UNESP/IGCE, Rio Claro, 2005.
  17. SUESS, R.C.; LEITE, C.M.C. Geografia e fenomenologia: uma discussão de teoria e método. Acta Geográfica. V.11, N. 27, p. 149-171, 2017. Disponível em: < https://revista.ufrr.br/actageo/article/view/4409>. Acesso em: 20 de maio de 2019.

Como Citar

Avelar Ogawa, E., & Medeiros Nardes, A. M. (2022). Um olhar fenomenológico do assentamento São José Operário/Pedra Preta-MT sobre o uso de agrotóxicos. Scientific Electronic Archives, 16(1). https://doi.org/10.36560/16120231719