Um olhar fenomenológico do assentamento São José Operário/Pedra Preta-MT sobre o uso de agrotóxicos
DOI:
https://doi.org/10.36560/16120231719Palavras-chave:
Agrotóxicos, Assentamento Rural, Percepção, Agronegócio, SustentabilidadeResumo
O uso intensivo de agrotóxicos tornou-se uma marca registrada da modernização agrícola no mundo, pois são utilizados em todos os processos do agronegócio, uma vez que estes combatem pragas e organismos patógenos que impedem a produtividade. Os agrotóxicos geram inúmeros dilemas socioambientais, prejudicando o meio ambiente, a saúde dos trabalhadores rurais e dos consumidores. O atual modelo de desenvolvimento agrícola com base em latifúndios monocultores voltados para a exportação, são amparados por políticas públicas que reduzem, isentam impostos, liberam rapidamente e a baixo custo os registros destes produtos. Nesta conjuntura, o pequeno produtor rural tem sido excluído com a falta de amparos legais que incentivam a agricultura familiar. Esses também são os que mais sofrem os efeitos negativos do uso dos agrotóxicos. A pesquisa visa compreender o atual contexto geográfico socioambiental do uso de agrotóxicos nos espaços de vida e produção do Assentamento São José Operário, no município de Pedra Preta, localizado no estado de Mato Grosso. A metodologia foi baseada na percepção dos indivíduos, considerada fundamental para entender as relações cognitivas e afetivas dos seres humanos com o meio ambiente. Os procedimentos metodológicos adotados foram a pesquisa quali-quantitativa e descritiva por meio de dados primários e secundários, com o uso do método fenomenológico. Os resultados evidenciaram que na área de estudo os assentados tem a noção dos perigos que os agrotóxicos causam, porém a maioria não possui discernimento da dimensão desses perigos, doenças respiratórias, de fertilidade, gastrointestinais, neurológicos, dermatológicos, cardiovasculares, auditivos, cancerígenos, dentre outros. Contudo, a riqueza do saber, a experiência vivida, a afetividade e a relação com a terra, é uma das principais bases para a conservação do lugar. Neste sentido, o estudo justifica-se em promover no ser humano uma visão de transição agroecológica, com modelos sustentáveis e gestão responsável dos aspectos ecológicos para a conservação e preservação dos recursos naturais nas atuais e futuras gerações, visando melhorar a qualidade vida.
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